Oficializamos nos Detalhes

Conversas regadas de insônia. Seu recomeço, minha alforria psicológica. Ambos na Paulista respirando o mais puro SO2. Prisioneiros de traumas alheios, dividindo um indulto de esperança. Pés flutuantes no chafariz do MASP, relógio acelerando os ponteiros, mirando o metrô. Coração acelerado, não querendo ir embora, mas ciente que uma hora os pés saltitantes retornariam pra realidade naquele asfalto. Você rumo a linha vermelha, eu pra linha verde, exalando mais conexões que todas as baldiações feitas por essa São Paulo. Uma sensação de liberdade com medo do amanhã. Amanhã eu descobriria que amor não sufoca, amor é amizade, respeito e diálogo. É cuidar e ser cuidado sem um score de quem faz mais. Equilíbrio, resiliência e diálogo. Diálogo, sempre diálogo. O amor não julga, mas puxa a orelha quando preciso. É ação, além das palavras. Um olhar, um abraço, um sorriso, um jantar depois de um dia longo. É peculiar, mutável e particular. Não se joga na mesa de bar para análise de amigos. O amor está no jogo de cintura, nos perrengues que a vida nos apresenta. Não tem platéia. Está na semente que virou flor correndo pela casa. No dedo vazio, no coração cheio. Nos bilhetes matutinos, nas engenhocas espalhadas na casa. No abraço acolhedor nos momentos de pânico, no bom humor quando aprendemos algo juntos. Está nessas velas acesas aquecendo a panela pra fazer o brigadeiro que você percebeu que eu queria, mas não havia gás. Oficializamos nos detalhes. Que a chama sempre esteja acesa, mesmo quando acabar o gás. (Bianca Wenzel de Carvalho)

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