Geração Z



A minha geração é diferente.
Está velho? Joga fora!
Está sujo? Joga fora!
Feio? Ah, não presta. Pega outro!
Bonito? Opa!
E precisa ter iPhone pra galera ser feliz.
Nada contra a tecnologia, desde que ela não lhe seja a única garantia de um futuro feliz.
Já não sabem o que é pisar na lama, sem precisar de bateria, fios, sem compartilhar a ousadia.
Esperando estrelinhas via wi-fi pela arte realizada.
Estragou? Jogou.
Enjoou? Trocou.
Deu medo? Escondeu-se.
Desamou? Vulgarizou.

Esta é a geração do joga tudo no ventilador.
Não gostou, o vento levou.

São palavras de desapego, em olhos de desespero.
A minha geração é a do desassossego acomodado.
É uma revolução capitalista.
Uma independência superficialista.

É a galera do “vai até o chão” suplicando benevolência.
A geração das pessoas que afogam o vazio num copo cheio.
E a ressaca é o grito de guerra de um mundo inteiro.
A realidade foi transformada em doses de eloquentes fantasias.
É a geração do “tudo tenho”, com alma de nada encontro.

É feito criança caindo do balanço.
E a internet virou abrigo dos órfãos de sorrisos.
É a galera do muito pensa, mas que emudece...
...das canetas desajustadas, linhas mal traçadas do rascunho cotidiano.
E rabisca um ali, outro acolá.
E nem ao menos se importa de restaurar a obra que rabiscou.
“Ah, pra quê? A fila anda meu amor.”
É a descrença duvidando da essência de quem sempre acreditou.
É a geração coca-cola com gotas de incoerência, muito gelo e ironia.


Observando algumas situações cotidianas tenho visto pessoas e atitudes no mínimo instigantes.
Ainda há ovelhas negras na geração Z.

São jovens retirantes fugindo da secura da alma.


(Bianca Wenzel de Carvalho)

* Para fins de direitos autorais de imagem declaro que a foto usada no post não é de minha autoria e que os autores não foram identificados.

Comentários

  1. :)
    Muito bom o seu texto. Vou começar a acompanhar suas postagens. Parabéns.

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