Relógio da Alma



Brisa que toca as curvas evidentes deste rosto envelhecido.
Sol que reluz os olhos que filmaram toda uma vida.
Nuvens brancas que encobrem a sabedoria de toda uma trajetória.

É a constante mudança da natureza, pincelando sutilmente o tempo na alma de um menino.
É descoberta, é aceitação, tudo guardado no coração.
Já não são protagonistas, recrutam jovens e ensinam o roteiro da vida.
Onde estão os planos que traçou na juventude? Foram-se no compasso do tic tac.

Tic tac, tic tac...
Tic tac...
Tic...

Sobreviveu aos ponteiros apressados, e decidiu aprender mais.
Deixar ressurgir o menino que ficou pra trás.
Viva alma minha que aqui ainda há vida.
Ainda há essência neste frasco, e ele há de perfumar muitas vidas.

Sacudir a poeira que o tempo jogou nas costas, esse peso não é seu, devolva ao tempo.
Eu quero brisa acariciando aos quatro cantos.
Abrir os olhos e continuar sonhando.
Ainda é tempo de planos, de incertezas e descobertas.

Oh, tempo! Respeite as rugas minhas, que elas são a prova de que eu não desisti.
Estou aqui e o meu relógio acerto eu.


(Bianca Wenzel de Carvalho)

* Para fins de direitos autorais de imagem declaro que a foto usada no post não é de minha autoria e que os autores não foram identificados.

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