O Banco do Corredor


Ei, você que quando utiliza o transporte público senta no banco da ponta e não dá passagem para o banco vazio da janela, eu não confio em você.

Ônibus lotado é um excelente lugar para observar as pessoas, e pensando pelo ponto de vista que estão todos juntos na mesma lata deveríamos ser um pouco mais prestativos. Dizem que pra conhecer uma pessoa você precisa dar poder a ela, concordo, mas para conhecer o instinto e nível de bondade de uma pessoa você simplesmente precisa pegar um transporte público lotado com ela. Ter um banco para sentar é ser da realeza. Experimente e entenderá.

Imagine a seguinte situação, você está voltando do trabalho, o ônibus está lotado, você cansado, as pessoas ao seu redor - ou no seu cangote- estão igualmente exaustos pensando na planilha não terminada, na carne que tem que descongelar para a janta, enfim estão todos fisicamente ali, mas a mente já fez um segundo turno de trabalho só em planejar o que ainda falta ser concluído. Você até suportaria um ambiente parecido caso fosse carnaval, mas no carnaval as pessoas riem à toa, já no ônibus as pessoas bufam à toa, ou não.
A pessoa da janela pede licença à pessoa que sentou no banco do corredor, o mesmo dá licença, a pessoa da janela desce e o banco dela (da janela) fica vago e mesmo sabendo que o ônibus está lotado a pessoa não pula para o banco da janela. Volto a repetir você que não pula para o banco da janela...eu não confio em você.

Você provavelmente é a evolução do colega do ginásio que não emprestava o lápis de cor porque a mãe não deixava, comprava bala no intervalo e ia ao banheiro colocar a bala na boca só para não dividir, é aquele que espiava o boletim alheio só pra fofocar quem tinha ido mal nas provas, não arrancava as figurinhas do caderno porque ia estragá-lo, ao comer um chocolate não soltava um sonoro “huuummmm”, não pegava amora nas árvores do trajeto pra escola pra não manchar o uniforme, nunca ficou alguns dias com dor na coluna por brincar de “arreio” e você não respondia os cadernos de enquetes que passava de mão em mão na escola porque era coisa de gente que não tinha o que fazer. Você é um chato e eu não confio em você.

Cara do banco ao lado, quando eu descer deste banco concorrido da janela, favor ocupar o lugar e deixar o banco “teste” do corredor para o próximo. E quando entrar alguma grávida ou idoso, para de fingir que está dormindo ao som do seu playlist no Sound Cloud, porque eu já vi que seu celular é dá Tim e está sem sinal e dê lugar ao próximo.
Eu ainda tenho esperança de que você empreste seu lápis de cor e divida seu “Fofura” com essa galera.

Hey Ho, Let’s Go!


(Bianca Wenzel de Carvalho)

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