Postagens

Uma carta translúcida para a pequena gigante Bianquinha.

Esse botão de off que você liga a cada trauma, se chama dissociação e ele te paralisará e apagará muitos detalhes ruins de algumas vivências. Aquele casebre na floresta que você fica imaginando quando olha no horizonte, é seu sistema nervoso sobrevivendo aos impactos da vida. Muitas pessoas vão minimizar suas vivências, porque elas estavam ocupadas demais com as próprias feridas. Se acolha, se respeite e se imponha, mesmo que te façam sentir culpada por isso. A escrita de outros irá te ferir, mas estes poemas caóticos são autobiográficos, não são sobre você. A escrita de grandes, irá de salvar, foque nos livros e rascunhos de guardanapo escritos na boêmia. Nó não é laço, alguns ciclos serão emaranhados, desate e faça o seu laço. Você será moldada a não incomodar as pessoas ao seu redor, pois elas têm problemas demais e são muito atarefadas, no futuro isso te custará boas horas de terapia, algumas decisões erradas, amizades equivocadas e muita sabedoria. Se entregue mesmo assim, sorria

Bagagem

Era uma tarde de sexta-feira, no mundo da menina o ponteiro do relógio se atrasava, no mundo real a aula estava a todo vapor. Sempre foi assim, dois mundos simultâneos e distintos, um idealizado outro necessário. Um mundo de vivências solitárias e desafiantes, outro mundo que só surgia quando ela se anestesiava das feridas reais. O segundo sempre foi seu predileto, apesar de seu efeito mertiolate, remediando dolorosamente as memórias da menina coruja que papeava pelos olhos o que a boca calava. O sinal da saída a aterrizou, guardou os cadernos em sua mochila de rodinha que deslizava pelo chão do pátio mais rápido que seu sorriso pela face. Era dia de reencontro, encanto e brincadeiras, entrou correndo na casa da avó com cheirinho de feijão fresco, jantou mais rápido que um foguete aos sons dos lembretes: “Tudo isso? Come devagar. Vai engordar!”. Lá estavam prontas para a viagem, a menina e sua bagagem abraçadas no degrau gelado de ardósia, no monólogo por dentro dos fios de cabelo

Indian Food

Era um mantra, um Taj Mahal Um incenso e uma paz. Inquietação gastronômica Havia rosas dentro de mim, sorri. No paladar sutil do Sherbet, Na Samosa, no agridoce, no hortelã e tamarindo. Na pimenta, nas essências, sua boca me sucumbindo A índia se apresentou na pluralidade de sensações. O curry penetrando em nossas peles, Mais picantes que especiarias. Seus olhos, força singular Devorando nossos instintos. Saboreando excentricidade Saciada da sua essência Exalando seus mistérios, entorpecida pelos deuses que habitam em ti. Me desfaço feito incenso, seu fogo flameja em mim. (Bianca Snotra)

Gitana

És do mistério o mais sincero. Um alto tom, abraço sincero. Parece rocha, mas ora és água. Desnudando nossa alma em sua correnteza. Que alívio conhecer nossas profundezas. És a magia do autoconhecimento. És fuego iluminando nossos caos. Luz que reacende o tablado. És guerreira, és coragem. Mestra e aprendiz. Ventarola e furacão. Acordando nossa essência. Corpo baila, alma sorri Quando caio, me convidas Para a festa que és a vida. Dos entrelaços, nos liberta. Direção e companhia. És alegria, Amparo em tempos de dor. Mais doze luas grandes de bailado, infinito aprendizado. Impetuosa justiça na bravura de leoa. Constante renascimento cotidiano. És sua estrada, dona do próprio vento. Harmoniosa melodia despertando risos alheios. És gitana seduzindo os elementos. Terra, água És fuego, movimento. (Bianca Snotra) Texto dedicado a cigana Nashara Hayat

Você Sabe

Prender minha atenção Sobre minha admiração Quão difícil é confiar num novo amor Que eu não fui caça, sim caçadora Tu sabes que a afobação é uma vilã A indiferença uma tortura. Sabes que habitas em mim, mas não me pertence. Que abriste um trajeto inexplorado O autoconhecimento tem sido meu aliado É importante que desbrave novas terras Novos cheiros e novos sabores. Sabes do meu receio Tu escapas pelos dedos feito água que o tempo leva Gosto dos risos noturnos Da troca de energia Responsabilidade matutina Fragilidade na madrugada Gosto do cheiro, conselhos e manias. Sou mais forte do que imaginas Essa frieza é escudo de quem já foi vulcão. Teus sonhos me alegram Sua opções me machucam Precisas do salto, mas a corda está frouxa Reclusa, observo, te alerto Acordo no auge de minha consciência, me reconheço, visto meu manto de sobriedade. Respiro a liberdade. Lá se foi sua bagagem ácida, sua fragilidade tóxica, o egocentrismo trajado de inteligência. Saudades nã

Oficializamos nos Detalhes

Imagem
Conversas regadas de insônia. Seu recomeço, minha alforria psicológica. Ambos na Paulista respirando o mais puro SO2. Prisioneiros de traumas alheios, dividindo um indulto de esperança. Pés flutuantes no chafariz do MASP, relógio acelerando os ponteiros, mirando o metrô. Coração acelerado, não querendo ir embora, mas ciente que uma hora os pés saltitantes retornariam pra realidade naquele asfalto. Você rumo a linha vermelha, eu pra linha verde, exalando mais conexões que todas as baldiações feitas por essa São Paulo. Uma sensação de liberdade com medo do amanhã. Amanhã eu descobriria que amor não sufoca, amor é amizade, respeito e diálogo. É cuidar e ser cuidado sem um score de quem faz mais. Equilíbrio, resiliência e diálogo. Diálogo, sempre diálogo. O amor não julga, mas puxa a orelha quando preciso. É ação, além das palavras. Um olhar, um abraço, um sorriso, um jantar depois de um dia longo. É peculiar, mutável e particular. Não se joga na mesa de bar para análise de amigos. O amo

Fonte

Esse silêncio que me invade São incertezas que me calam na escuridão O sorriso que era certo, hoje é inconstância Bênção no ventre, medo de sua luxúria As amarras do passado disfarçadas de lindo laço A dependência da dualidade que sufoca meu afeto Tenho fonte, tu preferes águas novas, correntenzas passageiras. Seu refúgio ainda é a água parada que o tempo deixou. Os olhos jorram novas águas de desamor O silêncio cala as infiltrações desse coração quebrado Não sou o futuro? Devo temer o passado? Sou presente gerando nossa mistura. Te sinto pulsar, sinto um novo ser Querendo nos conhecer. Vejo vestígios de desejos insaciáveis, O meu amor não vale a libertinagem? Sigo equilibrista do medo e a esperança Questionando os meus sonhos São ilusões de uma infância? Devo mergulhar e me cegar em suas águas? Devo nadar até a superfície e observar por segurança? Não sou mais eu, não estou mais só. Você me acompanha ou fica a deriva? Não sou maré, sou dona da fonte da vid