Me Escolhendo
É uma liquidação de conselhos, que não há como recusar. São teorias superficiais que tentam me deslumbrar. A moça na televisão questionou minha coerência, a da revista opinou em minha aparência, o rapaz do terno bonito desprezou minha inteligência. Estão querendo que eu decida pela opção restrita. Como vou exercer essa minha ambição revolucionária se as escolhas viraram monopólio? Quero ter o direito de errar, e rir da minha tolice. Descobrir que há caminhos camuflados pela ignorância humana. A verdade é que todos querem definir-me, ajudar-me e insistentemente querem decidir-me. Eu também quero brincar de múltipla escolha, responder pelos atos que eu arrisquei. Orgulhar-me pelo acerto, e ter a sensação de respirar aliviada pelo aprendizado dos meus erros. Querem decidir por mim, respirar com meu pulmão, comemorar minhas conquistas e se isentar quando houver erro. Porém, aqui no nosso desejo mais íntimo, escolhemos antes de nos induzirem a decisão, e aí é que se dão co