Alvorada a Dois



Anoiteceu dentro de nós, dividimos o silêncio de um olhar, a distância de dois corpos.
Uma busca solitária por horizontes distintos.
E assim seguimos as demais estações.

Foi assim, quando a primavera já não brotava flores dentro de ti, que eu ressurgi.

Virei nostalgia de uma música bonita.
A melhor lembrança dentro de ti.
A loucura não cometida, a despedida sem adeus.
Virei paixão mal resolvida, rosa mal regada, o espinho que alfineta a mente antes de dormir.

E a noite o inquilino que habita em mim resolve acordar, arrastar os móveis, fazer a revolução da minha existência em 5 segundos.
Depois invade meu cérebro e conduz o meu pensar até você.

Amanheceu...lá fora.

E o inquilino não desiste de mim, de nós.
Descubro que o inquilino é morador antigo, que fez de mim o seu abrigo.
Adormeceu por comodismo, por segurança durante extensas temporadas.

Acordou e decidiu:
- Eu quero o amor de uma alvorada.

Esperemos então, o sol aparecer, os espinhos virarem penas, o amor já não caber dentro de si e se explodir de esperança.

Que amanheça dentro de ti.
Que amanheça dentro de mim.

E amanhã será dentro de nós.

(Bianca Wenzel de Carvalho)

* Para fins de direitos autorais de imagem declaro que a foto usada no post não é de minha autoria e que os autores não foram identificados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Uma carta translúcida para a pequena gigante Bianquinha.

O Banco do Corredor

Geração Z